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sábado, 3 de abril de 2010

Coisas da vida

Os objetos da casa são quase parentes

Por Mariana Sgarioni

Mihaly Csikszentmihalyi, professor de psicologia e educação na Universidade de Chicago, visitou 80 famílias americanas e perguntou o que era mais importante para cada uma delas dentro de casa. A maioria não indicou nada de alto valor monetário. Era sempre algo de valor afetivo: a cadeira de balanço que foi do avô, a colherzinha da infância, a mesa de estudos da adolescência.

O estudo de Mihaly mostra que a tão propagada cultura do descartável não está tão presente assim no que diz respeito à vida privada das pessoas. Nós fazemos questão de guardar aquilo que realmente nos importa. Isso pode acontecer quando um objeto nos lembra alguém especial ou quando ele nos remete a um lugar que merece ser lembrado, como aquela recordação de uma viagem feita com seu melhor amigo. E ainda: se o objeto tem a ver com nossos valores, com o que pensamos.

Você mede a maturidade de uma pessoa com base na história das suas coisas, diz Vera Damazio, coordenadora do LabMemo (Laboratório Design, Memória e Emoção), da PUCRJ. O que quer dizer que tudo dentro de casa tem uma história, uma memória. E, se você reparar bem, muitas vezes a gente guarda uma infinidade de objetos em casa que não tem nenhuma funcionalidade prática ou óbvia. Um espremedor de suco que é lindo de morrer, supermoderno, novíssimo. Mas que vaza e não pode ser usado para fazer suco, servindo só como decoração e para puxar conversa com os amigos visitantes.

"Minha casa está repleta de coisas que não funcionam direito", diz Don Norman, psicólogo americano e autor do livro Emotional Design Why We Love (or Hate) Everyday Things (Design emocional Por que adoramos [ou odiamos] os objetos do dia-a-dia, sem tradução). "Mas mesmo assim eu quero todas essas coisas lá, do jeitinho que estão".

Em sua tese de doutorado Artefatos de Memória da Vida Cotidiana Um Olhar sobre as Coisas que Faz Bem Lembrar, Vera pesquisou quais foram os objetos que melhor testemunharam a passagem da vida para as pessoas. As respostas foram surpreendentes: há desde papeizinhos de bala toffee até medalhinhas e flores secas guardadas dentro de livros. São lembranças de reconhecimento, de que somos amados.

Fonte:http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/068/morar/conteudo_283906.shtml

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